Tipos de arritmia cardíaca
As arritmias cardíacas podem ser classificadas de diversas formas, dependendo da freqüência, mecanismo de formação, local de origem, etc. Apresentaremos alguns termos mais gerais, comuns no dia-a-dia das pessoas.
Quanto à freqüência, as arritmias podem ser classificadas em:
• Bradicardia: ocorre quando o coração bate menos de 60 vezes por minuto. Em algumas pessoas, pode ser um achado normal, como em atletas. São conhecidos vários tipos de bradicardia, cada um com suas características peculiares. Os marcapassos cardíacos são utilizados no tratamento desse tipo de arritmia.
• Taquicardia: ocorre quando o coração bate mais de 100 vezes por minuto. Ocorre normalmente durante atividade física, estresse emocional, em presença de anemia e outras doenças. Existem vários tipos, algumas extremamente graves.
Quanto ao local de origem, as arritmias classificam-se em:
• Atriais: como sabemos, o coração é composto de quatro câmaras (ou divisões), dois átrios e dois ventrículos. O estímulo normal para o batimento cardíaco é gerado no átrio direito. Em algumas arritmias, esses estímulos são gerados em excesso ou em menor número, pela própria estrutura que normalmente os gera; em outras, o estímulo surge em algum outro lugar nos átrios, levando à ocorrência de arritmias atriais.
• Juncionais: essas arritmias surgem na junção entre os átrios e os ventrículos.
• Ventriculares: surgem dentro dos ventrículos, algumas com grande potencial para levar à morte.
Quais são os sintomas?
Muitas arritmias são completamente assintomáticas, e a grande parte da população apresenta alguns episódios arrítmicos durante o dia e nem se dá conta disso. A verdade é que existem alguns tipos de arritmias que estão mais associados à ocorrência de sintomas do que outros. E vai depender também de vários outros fatores: freqüência dos episódios, freqüência cardíaca atingida durante a arritmia, presença de doença cardíaca prévia, entre outros.
O sintoma mais comum é a palpitação (ou "batedeira"), que pode ocorrer tanto nas bradicardias quanto nas taquicardias. Algumas pessoas são bastante sensíveis e apresentam grande desconforto na presença desse sintoma. Outro sintoma comum é a síncope (ou desmaio) caracterizada pela recuperação imediata e espontânea. O indivíduo pode sentir também falta de ar, mal-estar, e outros sintomas que vão depender da presença ou não de outras doenças.
Algumas vezes, quando a arritmia é mais grave, o paciente pode apresentar confusão mental, fraqueza, hipotensão (pressão baixa), dor no peito (angina), caracterizando uma emergência médica e levando à aplicação de tratamento imediato para evitar a morte do paciente.
Como se faz o diagnóstico?
Na suspeita de alguma arritmia, após a conversa com o paciente e o exame físico, o qual pode mostra um pulso irregular, os exames complementares a serem solicitados são os seguintes:
• Eletrocardiograma: primeiro a ser realizado, por ser prático, simples e barato. O médico pode realizá-lo no consultório, durante a consulta. Porém, esse exame só vai permitir o diagnóstico se for realizado no momento da ocorrência da arritmia, embora existam alguns dados encontrados no exame normal que podem sugerir alguns tipos específicos de arritmia. Na emergência (pronto-socorro), permite a identificação da arritmia, agilizando a indicação do tratamento.
• Holter-24 horas: esse exame é a realização de um eletrocardiograma durante 24 horas. O paciente fica com os eletrodos durante esse tempo, ligados em um aparelhinho que é pendurado em sua cintura. Ele recebe uma ficha onde deve anotar as atividades que realizar, os sintomas que apresentar, colocando seus respectivos horários. Permite identificar muitas arritmias não visualizadas no eletrocardiograma normal, bem como relacionar a arritmia aos sintomas que o paciente apresenta.
• Ecocardiograma: não tem a finalidade de diagnosticar a arritmia, mas serve para detectar doenças cardíacas associadas, o que é de extrema importância para a avaliação do risco do paciente. É como se fosse uma ultra-sonografia do coração.
• Estudo eletrofisiológico: exame muito parecido com o cateterismo, realizado com a inserção de um cateter até chegar ao coração. O médico pode descobrir onde está sendo gerado o estímulo anormal, se existem "fios condutores" anormais, se ele consegue induzir uma arritmia e se ela responde aos medicamentos. Um detalhe fundamental: durante esse exame pode ser feito o tratamento de vários tipos de arritmia!
Como é feito o tratamento?
O tratamento vai depender do tipo específico de arritmia. Em alguns casos, o uso de medicação antiarrítmica é suficiente, podendo prevenir a ocorrência de novos episódios arrítmicos. Em outros, porém, há a necessidade de outras terapias.
Existe uma arritmia bastante comum na população, a fibrilação atrial. Ela acomete principalmente indivíduos com doenças cardíacas prévias, sendo um fator importante de piora dessas doenças. A importância dessa arritmia é o seu potencial para predispor à ocorrência de eventos tromboembólicos, como o acidente vascular encefálico ("derrame cerebral"). Por isso, esses pacientes fazem uso, além do antiarrítmico, de anticoagulantes para "ralear" o sangue e diminuir o risco de formar trombos ("coágulos") dentro do coração. É claro que o tratamento não é assim tão simples, variando dependendo de cada caso.
As bradiarritmias, quando sintomáticas e perigosas, são tratadas com o implante de um marcapasso. Esse aparelho tem a função de substituir o nó sinusal, gerando impulsos elétricos que são aplicados diretamente no coração e estimulando o batimento cardíaco. Hoje em dia, cada vez mais marcapassos são implantados, em todo o mundo.
Não podemos deixar de comentar sobre a parada cardíaca. Existe mais de um tipo de arritmia que leva à parada cardíaca, sendo que a mais comum é a fibrilação ventricular. Essa arritmia é gerada nos ventrículos e faz com que o coração perca a capacidade de bombear sangue. O indivíduo perde a consciência, pára de respirar e morre caso ela não seja revertida em poucos minutos. Como não há fluxo de sangue nos vasos, o cérebro não é oxigenado, assim caso a reversão demore a acontecer, após a ressuscitação o paciente pode apresentar seqüelas irreversíveis. A única forma de tratar adequadamente essa arritmia é a aplicação de choques no "peito" do pacientes (muito comum assistirmos a esse procedimento em novelas, filmes). Geralmente, esses pacientes apresentam algum tipo de doença cardíaca importante. Quando esses pacientes apresentam um episódio de parada cardíaca e são ressuscitados, dependendo do quadro global da doença cardíaca, indica-se o implante do cardiodesfibrilador. Esse aparelho é um tipo de marcapasso capaz de identificar a arritmia, quando ela acontece, e de aplicar choques diretamente no coração, para tratar a arritmia quando necessário.
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