sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ANATOMIA HUMANA

SISTEMA ENDÓCRINO

Conceito anatômico e funcional
As glândulas endócrinas, também chamadas glândulas sem ducto ou glândulas de secreção interna, estão representadas por órgãos relativamente pouco volumosos e localizados em regiões diversas do corpo. Por não possuírem ducto ou ductos excretores, lançam seus respectivos produtores de secreção – hormônios – diretamente na corrente sangüínea. Este fato atesta a solidariedade fisiológica que existe entre elas, isto é, são glândulas hormógenas, que produzem hormônios. Por outro lado, não há nenhuma conexão estrutural demonstrável entre estes órgãos, tal como encontramos, por exemplo, entre os componentes do sistema digestivo ou do sistema respiratório. Portanto, a rigor, não se poderia falar de um sistema endócrino anatômico, embora a expressão seja de uso corrente. Isto não exclui, todavia, o fato de que cada glândula endócrina desenvolve-se em intima relação com um sistema com um sistema orgânico especifico, embora a falta de conexão anatômica entre elas seja obstáculo suficiente para tornar discutível o conceito de sistema endócrino, do ponto de vista anatômico.
Glândulas endócrinas
A elas pertencem a glândula tireóide, paratireóide, supra-renal, pâncreas, hipófise, corpo pineal, ovário e testículo.
Glândula tireóide
Situa-se no plano mediano do pescoço, abraçando parte da traquéia e da laringe. Tem a forma de um H ou de um U, apresentando dois lobos, direito e esquerdo, unidos por uma fita variável de tecido glandular, o istmo.
Glândulas paratireóides
Estão situadas, geralmente, na metade medial da face posterior de cada lobo da glândula tireóide. Seu número varia de 2 a 6 e cada uma delas mede no máximo 6 milímetros.
Glândulas supra-renais
São bilaterais, estando localizadas sobre o pólo superior dos rins onde podem ser facilmente visualizadas. Sua porção central é a medula, e a periférica, o córtex.
Pâncreas
É uma glândula mista. A parte endócrina corresponde às ilhotas pancreáticas (de Langerhans) microscópicas, disseminadas na porção exócrina.
 
Hipófise
É um corpo ovóide, cuja principal porção está situada na fossa hipofisária do osso esfenóide onde, geralmente, permanece após a remoção do cérebro. Faz parte do hipotálamo e está ligada ao cérebro pelo infundíbulo.
Corpo pineal
Também denominado epífise, está localizado abaixo do esplênio do corpo caloso e faz parte do diencéfalo.
Ovário
Modulo III
Testículo
Modulo III
 
SISTEMA NERVOSO
Conceito
As funções orgânicas, bem como a integração do animal no meio ambiente estão na dependência de um sistema especial denominado sistema nervoso. Isto significa que este sistema controla e coordena as funções de todos os sistemas do organismo e ainda, recebendo estímulos aplicados à superfície do corpo animal, é capaz de interpretá-los e desencadear, eventualmente, respostas adequadas a estes estímulos. Assim, muitas funções do sistema nervoso dependem da vontade (caminhar, por exemplo, é um ato voluntário) e muitas outras ocorrem sem que delas tenhamos consciência (a secreção da saliva, por exemplo, ocorre independente da nossa vontade). É fácil verificar que, à medida que subimos na escala zoológica, a complexidade do sistema nervoso aumenta, acompanhando a maior complexidade orgânica dos animais considerados. Seu máximo desenvolvimento é alcançado no homem, pois nesta espécie zoológica , o sistema nervoso responde também por fenômenos psíquicos altamente elaborados.
Divisão do sistema nervoso
Reconhecemos no sistema nervoso duas partes fundamentais que são o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico. A divisão é topográfica e também funcional, embora as duas porções sejam interdependentes. O sistema nervoso central é uma porção de recepção de estímulos, de comando e desencadeadora de respostas. A porção periférica está constituída pelas vias que conduzem os estímulos ao sistema nervoso central ou que levam até aos órgãos efetuadores as ordens emanadas da porção central. Pode-se dizer que o SNC está constituída por estruturas que se localizam no esqueleto axial (coluna vertebral e crânio): são a medula espinhal e o encéfalo. O sistema nervoso periférico compreende os nervos cranianos e espinhais, os gânglios e as terminações nervosas.
 
 
 
Meninges
O encéfalo e a medula espinhal são envolvidos e protegidos por laminas (ou membranas) de tecido conjuntivo chamadas, em conjunto, meninges. Estas lâminas são, de fora para dentro: a dura-máter, a aracnóide e o pia-máter. A dura-máter é a mias espessa delas e a pia-máter a mais fina. Esta última está intimamente aplicada ao encéfalo e à medula espinhal. Entre as duas está a aracnóide, da qual partem fibras delicadas que vão ter à pia-máter, constituindo uma rede semelhante a uma teia de aranha. A aracnóide é separada da dura-máter por um espaço capilar denominado espaço subdural e da pia-máter pelo espaço subaracnóide, onde circula o líquido cérebro-espinhal (ou líquor).
Sistema nervoso central
Para melhor compreender as partes que constituem o SNC é preciso partir de sua origem embriológica.
Vesículas primordiais
O SNC origina-se do tubo neural que, na sua extremidade cranial, apresenta três dilatações denominadas vesículas primordiais: o prosencéfalo, o mesencéfalo e o rombencéfalo. O restante do tubo é a medula primitiva.
A cavidade ou luz do tubo neural existe também nas vesículas primordiais.
a) Prosencéfalo – Com o decorrer do desenvolvimento, as porções laterais do prosencéfalo aumentam desproporcionalmente e acabam por recobrir a porção central, originando o telencéfalo e o diencéfalo. A luz expande-se também lateralmente, acompanhando o grande desenvolvimento do telencéfalo.
b) Mesencéfalo – O mesencéfalo desenvolve-se sem subdividir-se e sua luz permanece como um canal estreitado.
c) Rombencéfalo – O rombencéfalo subdivide-se em metencéfalo e mielencéfalo. Neste último a luz se dilata, como dilatada se apresenta também no telencéfalo e (menos) no diencéfalo.
Partes do sistema nervoso central
Destas transformações das vesículas primordiais, originam-se as partes mais importantes do sistema nervoso central:
o telencéfalo e diencéfalo originam o cérebro, sendo que os chamados hemisférios cerebrais são de origem telencefálica.
o mesencéfalo permanece, com a mesma denominação, como uma parte do SNC;
o metencéfalo origina o cerebelo e a ponte;
o mielencéfalo origina o bulbo;
o restante do tubo neural primitivo, origina a medula primitiva e esta a medula espinhal.
O mesencéfalo , a ponte e o bulbo, em conjunto, constituem o tronco encefálico. Somente um corte mediano que separa os hemisférios cerebrais pode demonstrar a presença das estruturas que constituem o diencéfalo. No cérebro inteiro, o diencéfalo está recoberto pelos hemisférios cerebrais que derivam do telencéfalo.
 
 
 
Ventrículos encefálicos e suas comunicações
Nas transformações sofridas pelas vesículas primordiais, a luz do tubo neural primitivo permanece e apresenta-se dilatada em algumas das subdivisões daquelas vesículas, constituindo os chamados ventrículos que se comunicam entre si:
a luz do telencéfalo corresponde aos ventrículos laterais (direito e esquerdo);
a luz do diencéfalo corresponde ao III ventrículo. Os ventrículos laterais comunicam-se livremente com o III ventrículo através do forame interventricular;
a luz do mesencéfalo é um canal estreitado, o aqueduto cerebral, o qual comunica o III ventrículo com o IV ventrículo;
a luz do rombencéfalo corresponde ao IV ventrículo; este é continuado pelo canal central da medula e se comunica com o espaço subaracnóide.
Líquor
No espaço subaracnóide e nos ventrículos circula um líquido de composição química pobre em proteínas, denominado líquido cérebro-espinhal ou simplesmente líquor, sendo uma de suas mais importantes funções proteger o SNC, agindo como amortecedor de choques. O líquor pode ser retirado e o estudo de sua composição pode ser valioso para o diagnostico de muitas doenças. É produzido em formações especiais – plexos corióides – situados no assoalho dos ventrículos laterais e no teto do III e IV ventrículos.
Divisão anatômica
Em síntese, a divisão anatômica do sistema nervoso pode ser acompanhada na seguinte chave:
Cérebro
Encéfalo Cerebelo
Mesencéfalo
Tronco encefálico Ponte
Sist. Nervoso Bulbo
Central
Medula
Sistema
Nervoso
Nervos
Sist. Nervoso
Periférico Gânglios
Terminações nervosas
A maior parte do encéfalo corresponde ao cérebro. Na superfície dos dois hemisférios cerebrais apresentam-se sulcos que delimitam giros. O cérebro pode ser dividido em lobos, correspondendo cada um, ao osso do crânio com que guardam relações. Assim temos um lobo frontal, occipital, parietal e temporal. Do tronco encefálico originam-se 12 pares de nervos, denominados cranianos, que saem pela base do crânio através de forames ou canais. Da medula, por sua vez originam-se 31 pares de nervos espinhais que abandonam a coluna vertebral através de forames denominados intervertebrais.
Disposição das substâncias branca e cinzenta no sistema nervoso central
A observação atenta de um corte de encéfalo ou de medula, permite reconhecer áreas claras e áreas escuras que representam, respectivamente, o que se chama de substância branca e substância cinzenta. A primeira está constituída, predominantemente, de fibras nervosas mielínicas e a segunda de corpos de neurônio.
Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central continuo envolvido por substância branca. Em corte transversal vê-se que a substância cinzenta apresenta a forma de um H ou de borboleta, onde se reconhecem as colunas anterior e posterior, substância intermédia central e lateral e, em parte da medula, a chamada coluna lateral.
O tronco encefálico, no que diz respeito à estrutura, guarda alguma semelhança com a medula, mas difere em vários aspectos. A substância cinzenta, que na medula é um todo continuo, apresenta-se, no tronco encefálico, fragmentada no sentido longitudinal, antero-posterior e látero-lateral. Formam-se, assim, massas isoladas de substância cinzenta que constituem os núcleos dos nervos cranianos e outros núcleos próprios do tronco encefálico. Deste modo uma nova conceituação pode ser feita aqui: um núcleo, no sistema nervoso central, é um acúmulo de corpos neuronais com aproximadamente, a mesma estrutura e função.
Cérebro e cerebelo, nos seus aspectos mais gerais, apresentam um plano estrutural comum. Nele pode-se reconhecer uma massa de substância branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta – córtex cerebral (no cérebro) ou córtex cerebelar (no cerebelo) – e tendo no centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos centrais (no cerebelo) ou os núcleos da base (no cérebro).
Como foi dito, a substância branca, em qualquer nível do SNC está constituída predominantemente de fibras nervosas mielínicas. Estas representam as vias pelas quais os impulsos percorrem as diversas áreas do SNC e se organizam formando os chamados tractos e fascículos.
Sistema nervoso periférico
Na divisão do sistema nervoso, foram incluídos, como parte do sistema nervoso periférico, as terminações nervosas, gânglios e nervos. Preliminarmente, deve-se ressaltar o fato de que as fibras de um nervo são classificadas de acordo com as estruturas que inervam, isto é, conforme sua função. Por esta razão, diz-se que um nervo possui componentes funcionais. Assim, uma fibra que estimula ou ativa a musculatura é chamada motora e a que conduz estímulos para o SNC é sensitiva. As fibras motoras veiculam ordens emanadas do SNC e, portanto, em relação a ele, são ditas eferentes (que saem do SNC); as sensitivas veiculam impulsos que devem chegar ao SNC e são, portanto, aferentes (que chegam ao SNC). Esta classificação das fibras nervosas em motoras (eferentes) e sensitivas (aferentes) é apenas esquemática: classificação mais minudente deve ser feita para estudos de maior complexidade do sistema nervoso.
Terminações nervosas
Existem na extremidade de fibras sensitivas e motoras. Nestas últimas, o exemplo mais típico é a placa motora. Nas primeiras, as terminações nervosas são estruturas especializadas para receber estímulos físicos ou químicos na superfície ou no interior do corpo. Assim os cones e bastonetes da retina são estimulados apenas pelos raios luminosos; os receptores do ouvido apenas por ondas sonoras; os gustativos por substâncias químicas capazes de determinar as sensações de doce, azedo, amargo etc.; na pele e nas mucosas existem receptores especializados para os agentes causadores do calor, frio, pressão e tato, enquanto que as sensações dolorosas são captadas por terminações nervosas livres, isto é, não há uma estrutura receptora especializada para este tipo de estímulo. Quando os receptores sensitivos são estimulados originam impulsos nervosos que caminham pelas fibras em direção ao SNC.
Gânglios
Vimos que acúmulos de corpos celulares de neurônios dentro do SNC são denominados núcleos. Quando estes acúmulos ocorrem fora do SNC eles são chamados gânglios e apresentam-se, geralmente, como uma dilatação.
Nervos
São cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por tecido conjuntivo e que têm como função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. Distinguem-se dois grupos: os nervos cranianos e os espinhais.
Nervos cranianos
São 12 pares de nervos que fazem conexão com o encéfalo. A maioria deles (10) origina-se no tronco encefálico. Além do seu nome os nervos cranianos são também denominados por números em seqüência crânio-caudal. A relação abaixo apresenta o nome e o número correspondente a cada um dos pares cranianos:
I – Olfatório
II – Óptico
III – Óculomotor
IV – Troclear
V – Trigêmeo
VI – Abducente
VII – Facial
VIII – Vestíbulo-coclear
IX – Glossofaríngeo
X – Vago
XI – Acessório
XII – Hipoglosso
Há uma acentuada variação entre eles no que se refere aos componentes funcionais, tornando-os muito mais complexos do que os nervos espinhais. Alguns nervos cranianos possuem um gânglio, outros têm mais de um e outros, ainda, não têm nenhum. Uma visão muito simplificada do destino destes nervos é dada a seguir:
O nervo olfatório é puramente sensitivo e ligado à olfação, como o nome indica, iniciando-se em terminações nervosas situadas na mucosa nasal.
O nervo óptico, também sensitivo, origina-se na retina e está relacionado com a percepção visual.
Os nervos óculomotor, troclear e abducente inervam músculos que movimentam o olho, sendo que o III par é também responsável pela inervação de músculos chamados intrínsecos do olho, como o músculo esfíncter da íris (que fecha a pupila) e o músculo ciliar (que controla a forma da lente).
O nervo trigêmeo é predominantemente sensitivo, sendo responsável pela sensibilidade somática de quase toda a cabeça. Um pequeno contingente de fibras é motor, inervando a musculatura mastigadora, isto é, músculos que movimentam a mandíbula.
Os nervos facial, glossofaríngeo e vago – são altamente complexos no que se refere aos componentes funcionais, estando relacionadas à sensibilidade gustativa e de vísceras, além de inervar glândulas, musculatura lisa e esquelética. O nervo vago é um dos nervos cranianos mais importantes pois inerva todas as vísceras torácicas e a maioria das abdominais.
O nervo vestíbulo-cocelar é puramente sensitivo, constituído de duas porções: a porção cocelar está relacionada com os fenômenos da audição e a porção vestibular com o equilíbrio.
O nervo acessório inerva músculos esqueléticos, porém, parte de suas fibras acola-se ao vago e com ele é distribuída.
O nervo hipoglosso inerva os músculos que movimentam a língua, sendo, por isso, considerado como o nervo motor da língua.
Nervos espinhais
Os 31 pares de nervos espinhais mantêm conexão com a medula e abandonam a coluna vertebral através de forames intervertebrais. Ora, a coluna pode ser dividida em porções cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea; da mesma maneira, reconhecemos nervos espinhais que são cervicais, torácicos, lombares, sacrais e coccígenos.
Formação do nervo espinhal – O nervo espinhal é formado pela fusão de duas raízes: uma ventral e outra dorsal. A raiz ventral possui apenas fibras motoras (eferentes), cujos corpos celulares estão situados na coluna anterior da substância cinzenta da medula. A raiz dorsal possui fibras sensitivas (aferentes) cujos corpos celulares estão situados no gânglio sensitivo da raiz dorsal, que se apresenta como uma porção dilatada da própria raiz. A fusão das raízes sensitiva e motora resulta no nervo espinhal. Isto significa que o nervo espinhal é sempre misto, isto é, está constituído de fibras aferentes e eferentes.
Distribuição dos nervos espinhais – Logo após a fusão das raízes ventral e dorsal o nervo espinhal se divide em dois ramos: ventral (mais calibroso), e dorsal (menos calibroso). Os ramos dorsais inervam a pele e os músculos do dorso; os ventrais são responsáveis pela inervação dos membros e da porção antero-lateral do tronco.
Formação dos plexos nervosos – Os ramos ventrais que inervam a parede torácica e abdominal permanecem relativamente isolados ao longo de toso o seu trajeto. Nas regiões cervical (pescoço) e lombo-sacral, porém, os ramos ventrais entremeiam-se para formar os chamados plexos nervosos, dos quais emergem nervos terminais.
Observe este fato: como são vários os ramos ventrais que participam da formação de um plexo, devido às inúmeras interligações existentes nesta estrutura, as fibras de uma mesma raiz ventral podem se distribuir em vários nervos terminais do plexo. Assim, como regra geral, pode-se afirmar que as fibras de cada nervo espinhal que participa da formação de um plexo, contribuem para constituir diversos nervos que emergem do plexo e cada nervo terminal contém fibras provenientes de diversos nervos espinhais.

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